quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Portugal

              É sob o céu pardacento que submergimos sobre o pensamento. É por dentro do nosso ar eloquente que penteamos uma nova semente. É pelos vales e pela escumalha que trabalhamos no ofício, aguardando provas de que o nosso esforço não é fictício. Tão escabroso esforço pela pátria temos nós. Valerá a pena a diligência dos nossos pais e avós? Árduas questões questionadas a quem não se questiona se qualquer conteúdo foi contido. Ou prescrito; dito. É maldito.
              Não há patriotismo que eleve um povo que na inércia procura Boa Esperança. E não há Cabo, rota ou expedição que nos recupere a referta bonança. Não há cá terras novas, nem mares por descobrir. Não por lá há frutos, especiarias ou negreiros a quem retribuir. Não há já escravidão aqui ou além terra, não há incenso ou acerra. Não há paz nem tão pouco há guerra. Mas a fome emana. A desilusão acompanha e a nossa algibeira é quem apanha. Espancamentos, jumentos. Gente incrédula e dirigentes corruptos e ciumentos. Espelhos partidos e sonhos ruídos. Horizonte prometido, todavia raça e prosperidade encolhido.
              A nova temporada há-de desembarcar. Novas hão-de acompanhar. Perspectivas, panoramas. Sopros de nação longe de chamas. O povo não pede clemência, o povo não precisa de factos de internacional aparência. A plebe ambiciona reminiscência dos tempos em que lutar por um imaculado fim não era algo considerado socialmente como paupérrimo, ou ruim.
              Lutar não é envergonhar. Lutar é para não mais vergar! Lutar é para erigir, para persistir e para nos instruir! Lutemos então e sem armas na mão, apenas com o enchimento do nosso fulgor e determinação.

«jd»

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